terça-feira, 28 de agosto de 2012

Se $ para whey e aí, irei crescer?

O whey protein que conhecemos hoje, da maneira industrializada é resultado de uma tecnologia extremamente avançada, complexa e cara na qual possibilita a retirada da parte mais nobre de uma das proteínas presentes no leite e que possui um altíssimo valor biológico para o corpo humano. Desta forma, diante de tanta tecnologia e funcionalidade, o whey protein tornou-se um dos suplementos mais difundidos no mundo todo, seja na área esportiva, a qual é o nosso principal enfoque, ou na nutrição geral, possibilitando um aporte protéico adequado e capaz de suprir necessidades específicas de cada indivíduo.

O marketing feito em cima dessa proteína, diante de tanta difusão, também não poderia ser pequeno: Anualmente inúmeros milhões e bilhões de reais são investidos em novas fórmulas, tecnologias, propagandas, divulgações, contratação de atletas e garotos-propaganda etc. Isso, cada vez mais faz com que o consumidor acabe por se alienar diante de tanta informação e, o que aparentemente deveria ser totalmente aproveitável e eficaz, se torna apenas mais uma forma de gastos desnecessários.
É indiscutível o quão funcional é o whey protein e suas vantagens. Aliás, se hoje existe um suplemento que ultrapassou quaisquer barreiras e de uma forma ou de outra não veio a se perder ou ser esquecido no mercado, esse pode ser considerado o whey protein. Mas, até que ponto todos esses benefícios são reais e, até que ponto realmente se vale a pena este tipo de produto e os altos investimentos que são feitos no mesmo?
Verdade seja dita: Apesar da proteína em si ser um macronutriente fundamental e indispensável para o corpo humano, muitos, por não terem as devidas orientações e tampouco os devidos e corretos protocolos de utilização da mesma (seja direto de fontes alimentares tradicionais ou de suplementos alimentares), acabam por fazer um consumo totalmente inapropriado e, muitas vezes excedente ao necessário pelo corpo.
Sabe-se que o consumo de proteína imediatamente após o treinamento possibilita uma maior síntese protéica e, sabe-se também que esta é uma das melhores formas de otimizar a recuperação muscular. Assim, quanto mais rápido pudermos fornecer aminoácidos na corrente sanguínea nesse instante, melhor será. Por conseguinte, devido as hidrólises ocorrentes no whey protein e, consequentemente uma digestibilidade mais rápida, essa é uma excelente opção neste instante. Além disso, sua forma líquida possibilita uma ação enzimática ainda mais rápida. Os baixos ou inexistentes, em alguns casos, teores de lipídios, fibras e carboidratos também fazem com que essa digestão seja ainda mais rápida. Todos esses fatores, somados ao alto valor biológico fariam então do whey protein o suplemento perfeito, não é mesmo? Isso tudo vendo apenas pelo lado das vantagens, é claro…
Porém, digamos que um indivíduo não queira ou não possa investir em um whey protein (e um bom whey protein), estaria ele condenado a não ter bons resultados no ganho de massa muscular? Vamos colocar alguns pontos críticos em questão:
Desenvolver músculos não é algo fácil, mas, é algo que naturalmente ocorre em indivíduos normais desde que haja um estímulo e uma supercompensação do tecido muscular. Para que isso ocorra, entre outras coisas, faz-se necessária a síntese protéica e, síntese essa obtida através de aminoácidos normalmente povenientes da dieta. Mas, se bem lembrarmos, o músculo é formado por proteínas, entre outras coisas e, proteínas são formadas por CENTENAS DE AMINOÁCIDOS. Então, não é necessariamente essa ou aquela proteína ou tampouco esse ou aquele aminoácido que irá fazer com que a síntese muscular ocorra de maneira efetiva, mas sim, um conjunto e uma boa biodisponibilidade deles. Por exemplo: Um indivíduo que não consome derivados de carnes, ou um ovolactovegetariano, pode ganhar massa muscular? Certamente sim e, inclusive, de maneira tão grande ou até maior do que um indivíduo “carnívoro”, a depender da genética, dos hábitos, da dedicação etc. Mas, obviamente, fica mais fácil para um indivíduo que não é restrito em sua dieta fornecer nutrientes para a construção muscular. Da mesma forma, um indivíduo que não consome whey protein pode sim ganhar massa muscular, mas, se pudermos adicionar essa proteína na dieta, então, poderemos (e você leu bem: PODEREMOS) otimizar o processo.
O fato é que muitos fazem da proteína do soro do leite a descoberta do século ou o suplemento milagroso, quando ele está bem longe de ser. Essa velha história de que o whey protein é IMEDIATAMENTE ABSORVIDO está longe de ser verdade e, mesmo que ele fosse absorvido no exato instante em que passa do canal pilóico e consequentemente pelo duodeno, ainda temos que contar com o tempo em que o corpo leva para sintetizar as proteínas necessárias e de acordo com o nosso código genético para refazer o tecido muscular. Ou você acha que aquela proteína do whey ou aquele aminoácido vai “direto ao músculo”?
Vejamos atletas antigos e também as épocas do fisiculturismo onde se tinha um pouco de “Karo” com banana antes do treino e algumas claras de ovos com torrada no café da manhã… Os atletas deixavam de construir bons corpos por isso? Claro que, dentro dos padrões de hoje eles estariam muito aquém, mas, levemos em consideração que a tecnologia e as otimizações não só da suplementação, mas da farmacologia, de treinamento e da nutrição também evoluíram muito, contribuindo então para isso.
Mesmo recentemente, não são muitos os atletas que costumam consumir o famoso “shake pós-treino”. Muitos, simplesmente saem do treino e se alimentam. Comem comida, carnes, carboidratos. E é isso que faz a diferença. Dentro de uma dieta para hipertrofia muscular, o que mais fará a diferença não é o shake pós-teino ou tampouco o suplemento que você usa, mas sim, o ambiente anabólico proporcionado ao corpo. Ambiente este que envolve o total calórico, a quantidade e distribuição desse conteúdo calórico durante o dia, a quantidade e distribuição hídrica e de macro/micronutrientes durante o dia… e isso, sem contar o treino e seus métodos, as periodizações e o descanso e, claro os fatores relacionados a genética e fenótipo do indivíduo.
Conclusão:
O Whey Protein é uma ótima fonte protéica de altíssimo valor biológico e que pode não só auxiliar no ganho de massa muscular, mas também, em uma nutrição adequada para quaisquer indivíduos que deste precisem.
Entretanto, apesar de toda sua funcionalidade e de efetivamente poder auxiliar na obtenção de resultados, o Whey Protein está longe de ser um suplemento milagroso e, assim como a maioria dos suplementos (a não ser em casos clínicos, claro) é sim dispensável. Portanto, não se desiluda caso você não tenha condições de utilizar whey protein ou caso não queira. Com dedicação e, principalmente protocolos básicos corretos, você certamente atingirá os seus resultados.
Fonte: Marcelo Sendon (@marcelosendon)

Nenhum comentário: